Por Valmir Santos
Sigo os passos da CiaSenhas desde Devorateme, no Fringe do Festival de Curitiba em 2002. Acompanhar sua trajetória é compreender muito da mudança substancial no panorama da produção local ao longo da década passada. O teatro de pesquisa demarca território sólido (ou a arte pede o movediço?) para com a atividade continuada dos grupos em contraponto a uma maré dos anos 1990 ainda remanescente, a sociedade da mediocrização do riso hoje propagada em todas as regiões do país, do nada para lugar nenhum.
Além da inquietação movente em suas criações, o núcleo firmou-se também pelo fôlego com que abraça a Mostra Cena Breve. Seu subtítulo é esclarecedor: A Linguagem dos Grupos de Teatro. Falando aos pares da cidade e de outros Estados, a CiaSenhas construiu uma rede disposta à reflexão para além daquela que diz respeito às políticas públicas e dominantes quando dois ou mais coletivos se encontram.
Não que o modo de produção não esteja implicado, borboleteando as peripécias de quem se aventura a organizar uma mostra ou festival, mas as cenas curtas predispõem a sínteses formais e de conteúdos às quais artistas e espectadores estão predestinados a embarcar. Isso significa navegar ou naufragar juntos nos 15 minutos flutuantes no imaginário de cada um, quatro vezes por noite.
Neste início da 7ª edição, sinto-me privilegiado em mais uma vez testemunhar a disponibilidade incondicional das idealizadoras Marcia Moraes, Greice Barros e Sueli Araújo.
Junto-me a toda a equipe e aos criadores desafiados ao formato e, inexoravelmente, à explosão do mesmo para fazê-lo desdobrar ou desaparecer sem vestígios.
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