Por Valmir Santos
Sob nimbos-cúmulos, a Companhia dos Palhaços cometeu seu pequeno show de horrores, digo, humores na esquina do Teatro do Sesc. As escadarias da entrada, na soleira, foram improvisadas como palco na abertura desta sétima edição da Mostra. De uma empanada de pano preta saiam os comediantes caracterizados, seus objetos e números circenses em dupla ou solos.
As Minúsculas Cenas revelam a habilidade técnica de parte da equipe que está reunida desde 2004 sob o desejo de lidar com a arte dos palhaços. O roteiro apronta com o suspense cinematográfico, com o balé clássico, com as vicissitudes em geral. Há o senso de ridículo, há o olhar capcioso, há o carisma. E aqui há um questionamento para dividir: a sensação de que se está jogando para a plateia, para agradar sem corrompê-la no melhor sentido do picadeiro. Qual o lugar do contrapé?
Rafael Barreiro e Milene Dias, os palhaços Alípio e Sombrinha, ancoram as ações. Essa dupla é muito boa. Boa demais. Falta-lhe um cadinho de crueldade fundamental, explorar o lado escuro que a própria esquete do suicida “impotencial” ousa, via palhaço Wilson, ou Eliezer Vander Brock. Uma abertura “simpática” parece pouco para a Cena Breve da qual se espera terremotos mínimos, por assim dizer. A ideia da esquina, do “parlatório”, de ocupação do espaço público, da calçada, pressupunham mínimas revoluções também no diálogo com a tradição.
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