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Mostrando postagens de novembro, 2010

O TREINADOR

Foto: Elenize Dezgenisk Texto: Daniel Schenker A iluminação (de Nadja Naira) desponta como “personagem” importante em O Treinador, cena da Pausa Companhia para o texto de Will Eno. À medida que o treinador do título se revela diante do público, a luz localizada diante dele – uma luz produzida, de estúdio – é apagada e um foco de recorte mais abrangente ilumina a mesa onde se encontra frente aos espectadores, incumbidos de assumirem o “papel” de jornalistas numa coletiva de imprensa. No momento em que se levanta da mesa e assume como se apagou ao longo do tempo, a luz também diminui, deixando-o na penumbra, de modo a potencializar, sem reiterar, o seu discurso. Sob a direção de Rodrigo Ferrarini, o ator Gabriel Gorosito atua no registro da confissão. Destaca a vulnerabilidade do personagem, realçando o estado nas transições emocionais demarcadas com habilidade e talvez uma ênfase um pouco excessiva que, porém, não chega a comprometer o bom resultado do trabalho.

RG – 38 E MAIS NADA

Foto: Elenize Dezgenisk Texto: Daniel Schenker As escolhas cênicas da diretora Adélia Carvalho reiteram, em medida considerável, o foco temático de seu texto: grandes sacos manipulados pelos atores trazem à tona o peso do mundo; o palco na penumbra iluminado por lanternas evidencia a incomunicabilidade na jornada de personagens que pouco se enxergam ou se escutam, temerosos em assumir verdades que entrem em choque com a moral social, com o patrulhamento e o preconceito vigente. Aquele que veste camisa clara, em oposição aos demais, é o que tem a coragem de dizer o que pensa e sente. O simplismo das opções (em especial, no cenário e nos figurinos de Walter Martins e na iluminação de Mauro Junior) da cena da Cia. Teatral As Medeias nubla, pelo menos parcialmente, as qualidades desse trabalho, tanto no que se refere ao próprio texto de Adélia Carvalho quanto às presenças vigorosas de alguns atores, bastante seguros na construção da fala.

SE CONSELHO FOSSE BOM SERIA AÇÃO DE CLASSIFICADOS

Foto: Elenize Dezgenisk Texto: Daniel Schenker Para além da questão do vácuo afetivo que atravessa a cena do núcleo Cães Lacrimosos, Clovis Cunha e Ricardo Nolasco propõem um desafio no campo da atuação: a construção da narração, seja no que se refere ao distanciamento suscitado pelo uso de terceira pessoa para falar de si, seja, principalmente, à necessidade de presentificar a fala nos momentos de evocação de fatos passados. Clovis Cunha apresenta, com certeza, um dos trabalhos mais consistentes da 6ª Mostra Cena Breve de Curitiba. Dois atores/personagens não se olham e encaram o público de frente. Aos poucos, rompem essa demarcação rígida e se aproximam. Um encosta a cabeça no ombro do outro. Em off, flagrantes de desolação: som de ocupado, celular fora de área, descrição algo melancólica do cotidiano, música brega que comenta o estado emocional em questão. Os atores/diretores, valorizados pela iluminação de Henrique Saidel, estruturam a cena entre extremos de encontros e desenco