fotos: Luana Navarro
Cena de Na verdade não era o sinal de vai tomar no cu, da fusão Os Iconoclastinhas/Companhia Provisória
O cenário é minimalístico e tem a ver com a forma como essa história é narrada, Na verdade não era o sinal de vai tomar no cu. Três banquinhos, três moças, três figurinos roxos e tons de luz, idem. Imóveis em suas posturas, sentadas, em pé somente em raros instantes, elas fazem o espectador mergulhar num fluxo que puxa para cá, puxa para lá e atualiza um pouco o espírito das transmissões radiofônicas de outrora em que o ouvinte, ou o grupo de ouvintes, deixa-se levar pela voz.
Mas estamos no teatro, o edifício com a platéia frontal. A joint-venture Os Iconoclastinhas/Companhia Provisória experimenta parâmetros da fala, e de como se fala, em detrimento de outras concorrências cênicas, salvo pontualidades coreográficas brevíssimas. A aposta de Nina Rosa Sá, a diretora, é escoar solto o pingue-pongue dessas mulheres de línguas e pensamentos afiados na dramaturgia de Luiz Felipe Leprevost. O autor roça oposição a Play, de Beckett, e suas três cabeças falantes, céleres e semi-enterradas em urnas. Aqui, a luz escancara; lá, na dramaturgia do irlandês, o breu é guiado por uma luz fulminante.
Resta ao conjunto das intérpretes, porém, mais fôlego, no melhor sentido, para sustentar suas Kel, Ili e Inha, nomes cuja pronúncia faz a língua ir aos dentes, aos céus da boca, em busca do por onde. Uma das atrizes, a do meio, Ciliane Vendruscolo, é mais desenvolta, alarga o labirinto da narração para que o espectador vá consigo nas desventuras de uma certa U, a mulher que atravessa a cidade dentro de um ônibus, uma saga bem-humorada à base do diz-que-diz sobre a desgraça alheia. As vizinhas de banquinho, Ana Ferreira e Kelly Eshima, que ora retrucam ora endossam, desequilibram na projeção de voz, na cor da palavra, no timming da respiração que certos momentos do relato pedem.
Mas fato é que essa história viciosa em seu afirma-e-nega tem tudo para desenvolver-se em todos os planos que sinaliza, está dito.
Resta ao conjunto das intérpretes, porém, mais fôlego, no melhor sentido, para sustentar suas Kel, Ili e Inha, nomes cuja pronúncia faz a língua ir aos dentes, aos céus da boca, em busca do por onde. Uma das atrizes, a do meio, Ciliane Vendruscolo, é mais desenvolta, alarga o labirinto da narração para que o espectador vá consigo nas desventuras de uma certa U, a mulher que atravessa a cidade dentro de um ônibus, uma saga bem-humorada à base do diz-que-diz sobre a desgraça alheia. As vizinhas de banquinho, Ana Ferreira e Kelly Eshima, que ora retrucam ora endossam, desequilibram na projeção de voz, na cor da palavra, no timming da respiração que certos momentos do relato pedem.
Mas fato é que essa história viciosa em seu afirma-e-nega tem tudo para desenvolver-se em todos os planos que sinaliza, está dito.
Comentários
foi ótimo conhecê-lo. o jorro verbal denota apreço icomensurável pela escrita. e pela escrita em cena, o que é melhor, no caso do teatro. até a próxima e nosso abraço!