fotos: Elenize Dezgeniski
Cenas de Vermelho – tijoles-morango-sépia e sombra, com o Coletivo Joaquina, de Curitiba
Curiosa e afetuosa a adaptação de A obscena senhora D, pelo Coletivo Joaquina, com a Manon Alves e a Déborah Vecchi em cena. Em São Paulo, vimos há pouco um solo de Suzan Damasceno para o mesmo texto, uma novela de Hilda Hilst.
As atrizes refletem entrosamento: a fala às vezes em coro, a sincronia em gestos e movimentos em associação-livre com o teatro-dança, a ocupação precisa do espaço cênico múltiplipcado em vários tempos e lugares, trato sincero com os objetos que manuseiam. Senti falta do mesmo desvelo para com a palavra em si de HH. Ela perde potência em hiatos provocados por rigores formais, como no momento do ônibus, ou condução que o valha.
Resultaram artificiosas a música em inglês, balada moderna, em contraste com os elementos regionais ou populares, além da transição caricatural para as velhinhas, ainda que curta.
No mais, Manon e Déborah, que dividem também a direção com Rosano Mauro Jr., emanam carisma e cuidado para com o que trazem à luz, como na acolhida da espectadora convidada a passar o café ao lado das personagens, uma ousadia em se tratando do teto de 15 minutos, ou em torno de. Vermelho – tijoles-morango-sépia e sombra pode explorar mais a dimensão ritual da cena, territórios mais movediços e nervosos como aquele buraco de Deus que HH toca com graça e fúria.
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