Rosana Stavis em cena de Árvores abatidas, com a Marcos Damasceno Cia. de Teatro
Foi a chance deste moço, finalmente, ver Rosana Stavis em atuação mais desbragada, de registro cômico ou tragicômico, um alívio depois de acompanhá-la em mergulhos profundos como no drama Psicose 4h48, de Sarah Kane, ou mesmo no recente Sonata de outono, de Jon Fosse, atualmente em cartaz em São Paulo, no Coletivo Fábrica.
A interpretação esbanja o domínio técnico para transitar de uma nota vocal à outra na hora de cantar, bem como equilibrar-se na variação de humores da corrosiva, triste e hilária figura da protagonista da história inspirada na obra homônima de Thomas Bernhard, Árvores abatidas.
A cena deu a sensação de que avançou para quase a íntegra do texto, e aí acho que o diretor Marcos Damasceno, que também assina adaptação, talvez não devesse ter mostrado exatamente um projeto pronto, ou quase lá, no âmbito experimental do que me parece ser esta Mostra.
Acompanho-o há tempos, sei do talento, da consistência e da seriedade com que leva adiante o seu projeto artístico, a ponto de manter um espaço no quintal da casa que aluga em Curitiba. Mas, na noite de ontem, Árvores abatidas soou como uma partitura completa, em que a presença da Rosana, do violinista Roger Vaz, de um texto que evoca Bernhard e do encenador nos bastidores nos condiciona para uma apresentação profissional.
Seria mais pertinente incorrer em algum experimento, algo mais inseguro, disforme e não tão consistente quanto o são a base de tudo aquilo que essa companhia vem apresentando nos palcos da sua cidade e do país. É paradoxal, mas é isso, no aqui da Mostra.
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