Foto: Elenize Dezgenisk
Texto: Daniel Schenker
Há uma tensão entre esforço de composição e sinceridade transbordante nessa apropriação, a cargo da Companhia de Bife Seco, de Laranja Mecânica. O diretor Dimis Jean Soares se esforça no sentido de buscar um modo de dizer o texto de Anthony Burgess e parece direcionar o ator Renato Sbardelotto para um registro estilizado e, ao mesmo tempo, para uma presença pautada pela disponibilidade em empreender um ato de auto-exposição. No decorrer da apresentação, porém, a vertente da composição/estilização se sobrepõe a uma desconcertante sinceridade que chama atenção no início da cena.
A fala ritmada, a pronúncia precisa das palavras e, principalmente, a tensão evidenciada na quase imobilidade do ator (destaque para o filigranado movimento das mãos) adquirem um caráter quase hipnótico. Aos poucos, contudo, o tom buscado dá a impressão de realçar a contundência do texto, ao invés de produzir uma densidade resultante de uma espessura contrastante entre o que se diz e o modo como se diz. O texto de Burgess se esvai em meio a uma proposta cênica arrojada, marcada por objetos em suspensão (cadeira, banco, copo) e pelo tom monocromático (cinza prateado) da maquiagem e do figurino que cobrem o corpo do ator.
Há uma tensão entre esforço de composição e sinceridade transbordante nessa apropriação, a cargo da Companhia de Bife Seco, de Laranja Mecânica. O diretor Dimis Jean Soares se esforça no sentido de buscar um modo de dizer o texto de Anthony Burgess e parece direcionar o ator Renato Sbardelotto para um registro estilizado e, ao mesmo tempo, para uma presença pautada pela disponibilidade em empreender um ato de auto-exposição. No decorrer da apresentação, porém, a vertente da composição/estilização se sobrepõe a uma desconcertante sinceridade que chama atenção no início da cena.
A fala ritmada, a pronúncia precisa das palavras e, principalmente, a tensão evidenciada na quase imobilidade do ator (destaque para o filigranado movimento das mãos) adquirem um caráter quase hipnótico. Aos poucos, contudo, o tom buscado dá a impressão de realçar a contundência do texto, ao invés de produzir uma densidade resultante de uma espessura contrastante entre o que se diz e o modo como se diz. O texto de Burgess se esvai em meio a uma proposta cênica arrojada, marcada por objetos em suspensão (cadeira, banco, copo) e pelo tom monocromático (cinza prateado) da maquiagem e do figurino que cobrem o corpo do ator.
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