Foto: Elenize Dezgenisk
Texto: Daniel Schenker
Calçolas escancara diante do público uma tomada de posição em relação à perpetuação da dependência e da subserviência da mulher que, mesmo após a derrocada dos tabus comportamentais e das instituições (a começar pela familiar), ainda sente insegurança em não aderir a um modelo de estabilidade traduzido no casamento em moldes convencionais. “Mulher, a sua felicidade está em mãos alheias?”, questiona a atriz Lisa Vietra, trajando um vestido de noiva, antes de começar a se desnudar frente à plateia.
A obviedade do discurso desgastado, realçado pelo tom panfletário com que é proferido, prejudica a apresentação de Calçolas, trabalho do Núcleo Vagapara. Quase tudo soa deja vu: a comparação entre a contemporaneidade e a época do “sutiã queimado”, o destaque ao descompasso entre a escalada profissional feminina e a carência afetiva e o próprio desnudamento da atriz, como que se despojando de couraças e máscaras sociais. Apesar da potência com que Lisa Vietra fala o texto (que escreveu em parceria com a diretora Cláudia Barral), seu trabalho sofre com a falta de sutileza evidente na concepção da cena e com o apego a contrastes reducionistas – a exemplo do momento em que alterna uma voz autoritária de comando com uma sonoridade doce de menina.
Calçolas escancara diante do público uma tomada de posição em relação à perpetuação da dependência e da subserviência da mulher que, mesmo após a derrocada dos tabus comportamentais e das instituições (a começar pela familiar), ainda sente insegurança em não aderir a um modelo de estabilidade traduzido no casamento em moldes convencionais. “Mulher, a sua felicidade está em mãos alheias?”, questiona a atriz Lisa Vietra, trajando um vestido de noiva, antes de começar a se desnudar frente à plateia.
A obviedade do discurso desgastado, realçado pelo tom panfletário com que é proferido, prejudica a apresentação de Calçolas, trabalho do Núcleo Vagapara. Quase tudo soa deja vu: a comparação entre a contemporaneidade e a época do “sutiã queimado”, o destaque ao descompasso entre a escalada profissional feminina e a carência afetiva e o próprio desnudamento da atriz, como que se despojando de couraças e máscaras sociais. Apesar da potência com que Lisa Vietra fala o texto (que escreveu em parceria com a diretora Cláudia Barral), seu trabalho sofre com a falta de sutileza evidente na concepção da cena e com o apego a contrastes reducionistas – a exemplo do momento em que alterna uma voz autoritária de comando com uma sonoridade doce de menina.
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