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1999=10

Foto: Elenize Dezgenisk

Texto: Daniel Schenker

A Cia. Quem somos Nós? propõe uma cena sugestiva: os integrantes entram carregando cadeiras, andando lentamente. Sentam-se, abrem jornais diferentes para, em seguida, rasgá-los de maneiras diversas. Um dos intérpretes começa a evoluir pelo espaço, evidenciando o contraste entre o figurino aprisionante (ternos e conjuntos) e a liberdade de movimentos. Ao longo da apresentação, momentos de descontrole também contrastam com figurinos tão compostos.

Mas a questão delicada em relação a 1999=10, na concepção de Dudude Herrmann, diz respeito à dificuldade dos atores (ou bailarinos?) com a fala em cena. Os fragmentos de conversas que externam soam ao espectador como que ditos da boca para fora. Fica a impressão de que os intérpretes não são atravessados pelo que dizem. Numa época, como a atual, em que se problematiza tanto as fronteiras entre as manifestações artísticas, a partir de uma (pelo menos, em alguma medida) questionável defesa do caráter reducionista das delimitações de cada campo da arte, 1999=10 se ressente de uma qualidade própria ao ator: o domínio na expressão da palavra em cena.

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