por Luciana Romagnolli
“Os Escafandristas” teve uma conturbada estreia na 8ª Mostra
Cena Breve Curitiba. A Cia. do Chá enfrentou
problemas técnicos perceptíveis, tal qual a entrada de um off quase inaudível,
que precisou ser repetida, e outras quebras de ritmo na encenação que sugerem
demais contratempos. Além disso, o programa da cena anuncia a existência de um
terceiro personagem, ausente na apresentação.
Com isso, a assimilação da fábula em torno das condições de
vida e dos costumes de dois habitantes do fundo do mar ficou prejudicada. Ainda
assim, o grupo mineiro pôde reiterar sua vocação para verter em metáforas as
idiossincrasias dos seres humanos, sintetizadas em soluções cênicas simples e sugestivas,
como as máscaras de ar cuja sensação provocada é de sufocamento, a narrativa em
off à semelhança de um documentário sobre a natureza, e a atmosfera rarefeita
em que os tempos da cena se desenvolvem.
Ao deslocar as
relações humanas para um cenário improvável, o dramaturgo e diretor Vinícius
Souza coloca-as em evidência por um processo de estranhamento. Faz um teatro
impregnado de ludismo e suavidade, que remete a um desdobramento abreviado
dos primeiros trabalhos do grupo Espanca!, como fonte de inspiração, mas
encontra seu próprio vocabulário.
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